quarta-feira, 15 de março de 2017

Elizabeth Bishop (1911 – 1979)

Uma Arte

A arte de perder não é difícil de aprender
tanto parece existir com o intento
de desaparecer que, se desaparecer, não é
desgraça alguma.

Aprende a perder algo todos os dias. Aceita a preocupação agitada
de perder as chaves de casa, das horas mal passadas.
A arte da perder não é difícil de aprender.

Depois aprende a perder com mais fulgor, maior velocidade.
Sítios, e nomes, e lugares que gostavas de ter
conhecido. Nada disto será uma desgraça.

Perdi o relógio da minha mãe. E mais! A minha última casa,
ou, pelo menos, aquela que mais durou de três que amava.
A arte de perder não é difícil de aprender.

Perdi duas cidades encantadoras. E até mais do que isso:
reinos inteiros que me pertenciam, dois rios, um continente.
Sinto saudades deles, mas não foi nenhuma desgraça.

— mesmo ter-te perdido, a ti, (a tua voz de brincadeira, 
uma das coisas que eu amava) não o devo omitir. É claro
que a arte de perder não é difícil de aprender
apesar de parecer (aprende!), de parecer uma desgraça. 


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One Art

The art of losing isn’t hard to master; 
so many things seem filled with the intent 
to be lost that their loss is no disaster. 

Lose something every day. Accept the fluster 
of lost door keys, the hour badly spent. 
The art of losing isn’t hard to master. 

Then practice losing farther, losing faster: 
places, and names, and where it was you meant 
to travel. None of these will bring disaster. 

I lost my mother’s watch. And look! my last, or 
next-to-last, of three loved houses went. 
The art of losing isn’t hard to master. 

I lost two cities, lovely ones. And, vaster, 
some realms I owned, two rivers, a continent. 
I miss them, but it wasn’t a disaster. 

—Even losing you (the joking voice, a gesture 
I love) I shan’t have lied. It’s evident 
the art of losing’s not too hard to master 
though it may look like (Write it!) like disaster.



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